Quem nunca olhou para comentários na Internet e muitas vezes se sentiu ofendido, contrariado, surpreso, com raiva, ou até riu, mas sabendo que foi um riso conjecturado de algum tipo de humor negro? É de conhecimento geral que muitos dos comentários vindo da Web são ondas de palavras negativas, de spam, de assuntos particulares, de conteúdos que não tem nada a ver com texto em si e que muitas vezes são postados até para desvincular do post!
Nos encontramos em uma era que cada vez mais onde as comunicações sociais são feitas através de telas de aparelhos eletrônicos. Inclusive, muitos vínculos afetivos são feito por meio deles. Não obstante destes fatos, a vontade mórbida de conseguir seguidores e “likes” estimula as pessoas a se sentirem mais empoderadas em falar o que se pensa, já que seu corpo físico não está presente. Temos exemplos de redes com comentários frenéticos: o Instagram, Facebook e YouTube. Cada postagem é como um tiro no escuro: não se sabe a reação de todos e muito menos quem está lá lendo ou assistindo de coração aberto. Comentários exibidos em sites de artigos científicos, pequenos blogs e fã clubes normalmente se posicionam bem e fazem remeter a épocas de boas discussões em sala de aula, no mínimo saudáveis, e que até geram amizades. Agora quando se trata de redes sociais com menos refinamento, de comunicação de massa, como notícias de fofoca das estrelas da moda e da televisão, noticiários de jornais e assuntos que envolvem política, o resultado já pode se mostrar bem desastroso como um circo de hostilidade.
Estamos em um momento que a rede social é muitas vezes considerada como tribunais medievais, igual na época da “A Inquisição” criada na Idade Média no século XIII. Todos se acham juízes e julgam por conta própria cada indivíduo ou situação da forma que lhes convém. Galileu Galilei foi um dos poucos condenados por defender ideias contrárias da época, porém ao se retratar conseguiu ser liberado. O mesmo não podemos dizer para todos aqueles com ideias diferentes em um post [sarcasmo].
Em meio a tantos comentários negativos ou sem propósitos, como interagir de verdade com aqueles que estão comentando com inteligência, interesse e com vontade de transmitir ideias? A falta de tempo e a falta de paciência ocasionam a desmotivação de ter que encontrar um comentário bom em meio a tantos ruins. É como encontrar “uma agulha no palheiro”, já que canais de mídia com muitos seguidores podem gerar milhões de comentários impossíveis de acompanhar. Acontece também que a maioria das pessoas que representam a audiência de importância para os posts não comentam nada por falta de incentivos. O texto e vídeo podem ser bem cativantes, mas pela má qualidade e problemática dos comentários, é prudente se afastar já que o ambiente não permite a evolução da comunicação além de ter que seguir com a preocupação de alguém vir com desaforos para cima do comentário. E agora, como fazer com que esses ouvintes ideais se manifestem mais? Como qualificar em meio a tanta quantidade? Existe uma solução.
A empresa que mudou essa mentalidade
A Urtak foi uma empresa digital colaborativa gratuita de opinião pública, fundada em 2008, com base em Nova York. Consistia em responder perguntas prontas com opções e logo em seguida gerava imediatamente um gráfico que indicava se suas respostas estavam de acordo com as outras pessoas que já responderam anteriormente. Os usuários de uma pesquisa do Urtak podiam complementar com outras perguntas próprias relevantes ao assunto, podendo também responder perguntas feitas por outros usuários. Infelizmente a empresa anunciou que sua atuação no mercado seria encerrada em setembro de 2013. Para ajudar a responder a pergunta anterior, por mais que a empresa tenha fechado, a criação da Urtak abriu a mente de que este formato de comentários é uma ferramenta interessante de ser usada.
Segundo uma entrevista em um site de marketing de conteúdo chamado Contently entre seu co-fundador Shane Snow e o editor executivo Sam Petulla, a forma que a Urtak fazia, não era apenas de filtrar comentários negativos, mas de mensurar feedbacks extremamente valiosos sobre o conteúdo e a opinião das pessoas. Imagina ter que aferir a quantidade comentários sobre um assunto em particular em meio a milhões de respostas? As perguntas e respostas podem ser de forma padronizada e pontual seguindo os resultados transferidos no gráfico. Estas análises de respostas podem ajudar e muito aos geradores de conteúdo a criar ideias futuras para próximas matérias. Outra forma significativa de analisar é observar usuários aprendendo com os outros usuários e ver como suas opiniões se ajustam. Os programadores de conteúdo podem aprender mais com as saídas de dados quantitativas quando se tem uma ferramenta como a Urtak. Como a mesma pessoa média responderá a várias perguntas, você pode criar dados de perfis para serem usadas em otimização de perfis e obter melhores insights.
A ideia não é transformar por completo a participação dos usuários com gráficos, mas o conceito de poder ajudar certas comunidades a conseguir promover um ambiente de comentários construtivos e não sobrecarregados de muita negatividade ou com bobagens. Com certeza aqueles usuários tímidos mas com opiniões fortes podem se beneficiar deste sistema, já que a falta de motivação é o maior problema que as impedem de comentar um texto ou vídeo. Um formato bem atual sobre coletar opiniões de usuários e saber de forma direta o que se interessa, é no Instagram na função “enquete” dos stories. Nela você pode perguntar o que for mais relevante e não saber detalhes de comentários. Quando o usuário responde, logo ele recebe o resultado em porcentagem de todos que já responderam e inclusive o dono do perfil pode verificar o resultado durante e após terminar a enquete. A única desvantagem ainda sobre este processo é não ter acesso fácil aos perfis de cada participante como idade, gênero, formação, etc.
Um outro grande fator preponderante é de quem está fazendo as perguntas. Não basta jogar de qualquer forma ou fazer sempre aquelas mesmas perguntas tensas de difícil análise que às vezes podem parecer até massacrantes em responder entre a, b ou c. Se analisar a psicologia comportamental de comentários “carregados” na internet, muitos acabam respondendo perguntas de forma engraçada para “quebrar o gelo”. Não que esta pessoa que comente desta forma seja de baixo valor na comunidade, mas só para ajudar a manter as coisas em perspectiva. Entre uma pergunta e outra é conveniente colocar alguma “engraçadinha” pois segundo Petulla “é legal poder deixar as opiniões um pouco fora do seu estado de espírito, pois quando você termina um artigo, às vezes você chega ao final dele com muita raiva e esse tipo de intervenção pode dar um ar mais leve”.